sábado, 19 de setembro de 2015

Menopausa- Desafio a ser Vencido


Cuidar do Corpo e do Espírito.

Menopausa- Desafio a ser Vencido.

Dr. Americo Domingos Nunes Filho

Presidente da Associação Médico-Espírita do Estado do RJ.


 

 

Na dimensão física, passa o ser reencarnado por uma fase muito difícil, a menopausa, compreendendo um período fisiológico normal e imperioso, porquanto todas as mulheres o vivenciam, agraciadas, felizmente, com os recursos dispensados, na época atual, pela medicina.

O termo menopausa vem do grego mēn (mês) e paûsis (interrupção, pausa), caracterizando-se pela suspensão da menstruação há mais de um ano devido ao natural e compulsório encerramento dos ciclos ovulatórios, deixando de produzir os hormônios sexuais estrogênio e progesterona e, consequentemente, com perda da capacidade reprodutiva, a qual pode acontecer normalmente entre os 45 e 55 anos. Essa etapa pode ocorrer de forma dramática, antes do tempo certo, devido à cirurgia pélvica com a exérese dos ovários e pela ação deletéria do tratamento quimioterápico ou radioterápico, utilizado em mulheres portadoras de algum tipo de câncer, danificando os ovários. A menopausa precoce, igualmente, é relacionada com a herança familiar, com uma infecção viral (caxumba), afetando os ovários do feto e produzindo menos óvulos e defeitos genéticos.

É necessário frisar que, em medicina, há distinção entre menopausa e climatério. Enquanto a primeira é diagnosticada através da informação de que a paciente está há um ano ou mais sem a ocorrência de menstruações, a segunda abrange todo o período de esgotamento gradativo da função ovariana, com progressiva queda da concentração dos hormônios estrogênio e progesterona, provocando sintomas desde leves até intensos, como ciclos menstruais irregulares, até mesmo acompanhados de sangramentos copiosos; episódios súbitos de ondas de calor (fogachos), principalmente na face e pescoço;  alteração na firmeza das mucosas   vaginais e uretrais, acarretando modificações morfológicas indesejáveis, como afinamento da mucosa vaginal e atrofia dos grandes lábios, com redução da lubrificação vaginal, dor à penetração, diminuição da libido, felizmente a intensidade do orgasmo não é alterada; manifestações deletérias nas funções vesicais, com dificuldades nas micções e até mesmo incontinência urinária e acometimento de infecções urogenitais; o funcionamento desarmônico do sistema nervoso central se revela com a eclosão dos distúrbios de ansiedade, alterações do humor, suores noturnos, insônia, irritabilidade, diminuição da atenção e da memória e a temível depressão (o estrogênio está ligado a sentimentos de bem-estar e elevada autoestima); perda acentuada da massa óssea (osteoporose), principalmente das vértebras e ossos longos; incidência alta de doenças cardiovasculares como o infarto do miocárdio, principal causa de morte depois da menopausa;  o colágeno subcutâneo sofre perda progressiva e os cabelos e unhas se tornam cada vez mais frágeis e a pele torna-se áspera, perdendo o brilho e o vigor, com o aparecimento do envelhecimento facial, revelando marcantes rugas, acentuadas marcas de expressão e intensa flacidez;  a deposição de gordura no tecido mamário, acarretando perda da firmeza e achatamento dos mamilos e aumento de concentração do colesterol ruim, o  LDL, e diminuição do HDL (colesterol bom), como igualmente a distribuição irregular de gordura  no corpo, semelhante ao do sexo masculino, ou seja, acentuado depósito efetuado na parede abdominal, ostentando a antiestética barriga.

Como é importante, nesses momentos em que a mulher se defronta com a menopausa, lembrar-se do excelso ensinamento de Jesus, falando do segundo maior mandamento, o qual consiste em amar o próximo como a si mesmo (Mateus, cap.XXII:39).

O ensinamento é bem claro, porquanto é imperioso que o indivíduo queira muito bem a outrem, na mesma proporção em que aprecia a si próprio. Sendo capaz de amar-se, é possível, igualmente, ser propenso a ter afeição pelo próximo. Portanto é imperioso que a autoestima esteja em alta e o ser esteja bem consigo mesmo. O desenvolvimento científico em grande escala, principalmente na área da medicina, canalizado para o bem da criatura, é de fato concessão da Providência Divina e a mulher que está vivenciando uma fase essencialmente biológica, normal no desenvolvimento de envelhecimento do corpo humano, o qual faz parte do ciclo da vida, pode ser contemplada, no momento, com a ajuda considerável da ciência, tanto na área física, quanto na mental.

Se ela experimenta sensações benfazejas no exercício do sexo seguro e responsável, é importante que a menopausa não venha a estragar sua autoestima e, consequentemente, o amor que nutre em relação ao seu próximo, principalmente ao seu parceiro, necessitando superar essa fase tão difícil para ela.

Se ela passa por um período de transtornos mentais, desde a ansiedade extrema até à depressão, como poderá experimentar amor pelo próximo?

Se ao olhar-se no espelho observa um envelhecimento precoce de sua face e a presença de uma barriga bem saliente, como sentir afeição por alguém, se não está em paz?

Se seus ossos estão rarefeitos, visualizando-se a osteoporose que poderá lhe levar à inatividade forçada em um leito devido à possibilidade de sofrer fraturas graves, como poderá experimentar vontade de ajudar o próximo? 

Se a falta de estrogênio é causa de todos os transtornos do climatério e da menopausa é importante procurar atendimento médico especializado, quando se prescreverá a reposição hormonal, a qual poderá ser administrada de diversas formas, desde as orais e injetáveis até as tópicas. É importante que a paciente seja acompanhada durante todo o tratamento, não deixando de se consultar com o seu médico, porquanto há também necessidade de acompanhar os parâmetros hormonais sanguíneos, com a avaliação certa da dose exata do medicamento. Em mulheres que ainda têm o útero, é importante associar o hormônio progesterona para se resguardar contra o câncer no endométrio, porção mais interna do órgão e que, após a menopausa, fica mais fino e frágil, facilitando a formação cancerígena. O risco de acometimento maligno mamário, embora pouco significativo, existe na reposição hormonal, o que exige supervisões médicas periódicas.

Essencial que ao lado do tratamento medicamentoso, a mulher tenha um estilo de vida saudável, fazendo exercícios regulares, saindo do sedentarismo, e experimentando uma dieta salutar com pão e arroz integral, aves, peixes, frutas, legumes e verduras. Jogar fora as margarinas, as gorduras hidrogenadas, as refeições ricas em açúcar e sal. Nunca mais se alimentar de frituras, massas, refrigerantes, farináceos e de refeições “fast-foods”. Importante o consumo, embora moderado, de gorduras saudáveis como as do salmão, do abacate e do azeite de oliva, ricas em colesterol HDL. Igualmente ter sempre no cardápio: as castanhas, as frutas cítricas e os alimentos ricos em fibras, como os cereais integrais, e os antioxidantes, como os vegetais folhosos, o limão, o açaí, as frutas vermelhas, a uva, a amora e a jabuticaba. Não consumir alimentos industrializados, principalmente os enlatados. Afastar-se dos vícios, não se esquecendo de parar com o cigarro e com o álcool. Muitos trabalhos científicos atestam o benefício da soja para aliviar muitos dos sintomas da menopausa não precoce (não age nos casos de menopausa de origem cirúrgica ou provocadas por quimioterapia), desde que as isoflavonas da soja (fitoestrógenos) produzem um efeito semelhante ao do hormônio feminino estrogênio pela capacidade de se ligar a receptores desse hormônio.  De acordo com as mesmas pesquisas, mulheres orientais suportam bem mais os sintomas da menopausa devido ao alto consumo da soja.

Envelhecer faz parte da vida, mas não pode ser encarado como um fardo. Aliás, a essência extrafísica depende de um corpo saudável para expandir seu desejo de progresso espiritual, aproveitando ainda os últimos momentos de permanência na carne para exteriorizar cada vez mais as potencialidades divinas de que é portadora, sabendo que esse mergulho interior lhe proporcionará a oportunidade de vivenciar extrema felicidade interior.

Como é importante aliar o conhecimento científico com a sabedoria excelsa da Doutrina Espírita, a qual não está restrita a salas fechadas, frias de espiritualidade, mas que desdobra o seu pensamento nos arraiais do Infinito.

 

  

 

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